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Sem você o slow motion não tem graça.
"Besteira! Quem está mesmo prestando atenção nisso?"
Estranho, quieto demais. Hoje deveria ser um daqueles dias em que vejo as pessoas correndo para os lados, olhando relógios, olhando nuvens, olhando semáforos. Acho que não há ninguém na rua agora.
"Eu disse que é besteira. Me ouviu?"
Eu estava ali, sentada. Esperando, olhando. Tinham poucas pessoas na praça naquele dia, poucas pessoas na rua. O tempo estava demorando a passar, não era assim quando estava acompanhada. Naquele dia, tudo pareceu uma eternidade. Sinceramente, não lembrava o que fazia ali.
"Não estava ouvindo." não queria conversar, por isso insisti que ela continuasse seu monólogo.
"Devia me ouvirde vez em quando."
"Estou te ouvindo, mas estou pensando." não gostava da direção que seu monólogo estava tomando. Acabaria virando um diálogo.
"Pensando em que? Está olhando pro nada."
"Estou pensando no nada."
"Como pode pensar em nada enquanto eu falo?"
"Não estou pensando em nada, estou pensando no nada. É diferente."
"Diferente seria pensar em tudo."
"Bah, o tudo é só uma besteira. Eu sei o que pode ser o tudo, mas como pode ser o nada? Sem as pessoas caminhando e sem a preocupação de tudo."
"Acho que o nada está te afetando."
"Será que o nada pode afetar alguém? Hoje estamos no nada, vê? Se tudo é a vida e hoje está diferente da vida, hoje é o nada."
"Isso é coisa da sua cabeça. Está inventando palavras."
"Quando as invento elas começam a existir."
"Existe nada!"
"Existe sim!"
"O que existe sou eu aqui olhando essas pessoas e sem ter o que fazer."
"Então o resto não existe. Eu sou nada. sou uma tela em branco, então? Posso me fazer agora!"
"Ei, pra onde vai? O que vai fazer?"
"Vou ali construir algo para ser eu."
- vou ali construir algo para ser. não faz sentido ♥
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